Publicado originalmente na Revista MANCHETE, 21 de Setembro de 1968 Tom Jobim e eu já nos conhecíamos: ele foi o meu padrinho no Primeiro Festival de Escritores, quando foi lançado meu livro A maça no escuro. E ele fazia brincadeiras: segurava o livro na mão e perguntava: quem compra? Quem quer comprar? Para este diálogo, marcamos às seis da tarde: às seis e trinta e cinco tocavam a campainha da porta. E era o mesmo Tom que eu conhecia: bonito, simpático, com um ar puro malgré lui, com os cabelos um pouco caídos na testa. Um uísque na mesa e começamos quase que imediatamente a entrevista. - Como é que você encara o problema da maturidade? É terrível ter quarenta anos? - Tem um verso do Drummond que diz: “A madureza, esta horrível prenda...” não sei, Clarice, a gente fica mais capaz, mas também mais exigente. - Não faz mal, Tom, a gente exige bem. - Com a maturidade a gente passa a ter consciência de uma série de coisas que antes não tinha, mesmo os instintos, os mai...