CELEBRAMOS O CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CHARLIE CHRISTIAN, O GUITARRISTA DE JAZZ QUE INVENTOU O SOLO DE GUITARRA
por Chico Marques
Não é exagero algum afirmar que Charlie Christian está para o jazz assim como Robert Johnson está para o blues.
Ambos foram guitarristas absolutamente inventivos, autodidatas pioneiros com um senso harmônico incomum.
Ambos morreram jovens demais:
Christian aos 25 anos.
Johnson aos 27.
Ambos morreram jovens demais:
Christian aos 25 anos.
Johnson aos 27.
Charlie Christian foi o guitarrista da Orquestra de Benny Goodman entre 1939 e 1942.
Por mais que sua musicalidade soe perfeitamente integrada aos padrões dos dias de hoje, é importante lembrar era tudo muito diferente na década de 1930, quando Christian introduziu um novo vocabulário ao ato de tocar guitarra.
Christian não só reinventou o instrumento como ainda o tranformou num ítem fundamental para qualquer formação de jazz, desde os combos básicos às big-bands e orquestras.
Foi, com toda a certeza, o primeiro guitar hero da história.
Foi, com toda a certeza, o primeiro guitar hero da história.
A guitarra que Charlie Christian tocava era uma Gibson ES-150, e ele a solava como se fosse um saxofone.
Sua inspiração era o saxofonista tenor Lester Young, cujos solos na Count Basie Orchestra Christian tentava emular na guitarra com um toque ligeiro e elegante, mas totalmente inusitado.
Sua inspiração era o saxofonista tenor Lester Young, cujos solos na Count Basie Orchestra Christian tentava emular na guitarra com um toque ligeiro e elegante, mas totalmente inusitado.
Até então, ninguém via sentido em solar na guitarra, até porque ela era vista apenas como um instrumento voltado para aplicar harmonia à base percussiva de uma banda ou orquestra.
Trocando em miúdos: se Charlie Christian não tivesse existido, jamais teríamos tido grandes guitarristas solo de jazz como Barney Kessel, Herb Ellis, Wes Montgomery, Kenny Burrell, Grant Green e George Benson.
Todos são seguidores assumidos de Christian.
E todos se inspiraram no que ele desenvolveu e levaram seu legado e seu approach musical alguns passos adiante, cada um à sua maneira.
E todos se inspiraram no que ele desenvolveu e levaram seu legado e seu approach musical alguns passos adiante, cada um à sua maneira.
Não há nenhum exagero algum em dividir a história da guitarra em A.C (Antes de Christian) e D.C. (Depois de Christian).
E a primeira pessoa que se deu conta disso na Indústria Fonográfica foi justamente o lendário descobridor de talentos da Columbia Records: John Hammond.
Depois de uma audição em Los Angeles em Agosto de 1939, Hammond o indicou para Benny Goodman, que torceu seu narigão e não escondeu seu estranhamento inicial com a postura de Christian dentro da Orquestra.
Mas depois de algumas poucas horas de ensaio, com todos mais à vontade, Goodman sentiu claramente o diferencial fantástico que a guitarra de Christian trazia para suas performances.
Tratou de contratá-lo imediatamente.
Infelizmente, não existe nenhum registro filmado de Charlie Christian tocando guitarra.
E a não ser por algumas poucas fotos, e pelas gravações que todo guitarrista de jazz conhece de cor e salteado, são poucas as evidências da passagem de Charlie Christian pela cena musical americana.
Sintomaticamente, essas poucas evidências já foram o suficiente para mudar de forma radical os rumos da história do jazz.
Sintomaticamente, essas poucas evidências já foram o suficiente para mudar de forma radical os rumos da história do jazz.
Nesta sexta, dia 28 de Julho de 2016, celebramos o centenário de nascimento de Charlie Christian.
Apesar de ter saído de cena 75 anos atrás, em meio a uma crise de tuberculose, ele nunca foi esquecido, e seu legado permaneceu como referência obrigatória para as novas gerações de guitarristas.
Quem escuta suas gravações clássicas hoje, fatalmente acaba se perguntando: Como Charlie Christian teria feito a ponte entre a Era do Swing e o Bebop? Teria Charlie Christian embarcado nas fusões musicais que 9 em cada 10 jazzistas abraçaram na virada dos Anos 60 para os 70?
Apesar de ter saído de cena 75 anos atrás, em meio a uma crise de tuberculose, ele nunca foi esquecido, e seu legado permaneceu como referência obrigatória para as novas gerações de guitarristas.
Quem escuta suas gravações clássicas hoje, fatalmente acaba se perguntando: Como Charlie Christian teria feito a ponte entre a Era do Swing e o Bebop? Teria Charlie Christian embarcado nas fusões musicais que 9 em cada 10 jazzistas abraçaram na virada dos Anos 60 para os 70?
Infelizmente, nunca saberemos as respostas a essas perguntas.
Mas ninguém tem dúvida de que, se não tivesse sido parado pela tuberculose, Charlie Cristian teria certamente ido muito, muito longe, e experimentado todas as saídas musicais que brilhassem à sua frente.
E a história do jazz, com certeza, teria sido um pouco diferente do que foi até agora.
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